Tenha raiva, sim!



Tem hora que o 7 x 1 é demais. Que tudo fica tão caudaloso, como a terra debaixo da água que se revolta, como um tsunami. É soco atrás de soco e você fica preso às cordas do ringue. Tudo de cabeça para baixo.

Preso a essa lama que te prende os pés, seu corpo fica de pé e a cabeça para fora da água. Embaixo, onde ninguém vê, tudo remexido. Em cima, tudo em meio à histeria social. Sim, a sociedade que quer você feliz o tempo todo, animado, sendo inteligente sempre. 

É engraçado, porque debaixo d'água, mesmo com toda a confusão, podemos ser nós mesmos. E, do lado de fora, esse mundo pragmático não nos deixa falar de verdade. E muito menos a verdade.

Então, é preciso que sejamos nós mesmos. Se vai ser debaixo d'água ou não, tudo bem. Mas um pedaço da gente precisa ser real. Precisamos ter um olhar de afeto sobre nós mesmos. Senão, como seremos com os outros? Os histéricos que ditam regras?

E, se doeu, chore. Grite. Diga que tem raiva. Sim, anos de vida pra descobrir que tem que assumir a raiva. Antes tarde do que nunca. Porque se não percebemos o nosso eu, não vamos enxergar mais nada nessa vida. Sei que fomos treinados para acertar o oponente. Mas, quando ficamos mais velhos, descobrimos  que é preciso fazer com que todos acertem. 

Então, joga fora. Tenha raiva. Sinta e deixa-a ir. Você precisa disso. Do fundo do rio. 

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