A coragem de falar com o coração em um mundo perverso

Quando uma imagem vale mais do que mil palavras.

Julian Treasure é um orador profissional. Apaixonado por som, foi baterista. Fã de comunicação, é fundador da The Sound Agency. Pai de duas filhas, vive na Escócia e atualmente trabalha em um livro, Everything is Sound (Tudo é som). As palestras dele, no famoso TED Talks, já foram assistidas por mais de 150 milhões de pessoas.

Em uma delas, Como falar de forma que as pessoas queiram ouvir, Julian ensina sobre o quanto o sentimento é componente essencial para uma mensagem chegar ao destino perfeito.  Eu mesma tenho praticado isso. Antes, não conseguia equilibrar velocidade do pensamento com deixar o outro terminar. Ficava incomodadíssima com gente que me interrompia. Hoje, quando percebo que não percebi que o outro ainda está falando, eu paro, peço desculpas. Erro. E não tenho vergonha de dizer isso. Aliás, é reconhecendo o que precisa melhorar que a gente anda para a frente.

Mudar é um exercício e tanto. E Julian começa a palestra já dizendo os hábitos a serem combatidos.

Fofoca. Falar mal de alguém pelas costas. É aquele velho ditado: “se Pedro fala de João, está falando mais de Pedro do que do próprio João”.

Julgamento. Ao julgarmos, inibimos as pessoas de se aproximarem. Ninguém vai mesmo estar à nossa altura...

Negativismo. É aquela pessoa que nunca vai achar nada bom. Nem ela mesma.

Reclamação. Ouvir “oh, vida, oh, azar” o tempo todo é de adoecer qualquer um.

DesCULPAR-se, CULPAndo os outros. Nem precisamos desenhar o quanto a culpa não é bonita.

Exageros. Essa visão ampliada dos fatos faz com que eles sejam piores do que realmente são. E há quem goste de fazer isso.

Confundir fato com opinião. Infelizmente, um esporte em alta, atualmente.  Berço das fake news, desinforma, gera conflitos e prejudica muita gente.

Tudo muito nosso, muito do ser humano. Não dá para sair ileso da lista. Depois desse soco no estômago, Julian vem com o antiácido.

O nome do antídoto é HAIL. Vai além da tradução, granizo, como algo que vem do céu. Hail é formado pelas iniciais de Honesty (honestidade), Authenticy (autenticidade), Integrity (integridade) e Love (amor).

Honestidade é a verdade na prática, direto e reto.

Autenticidade é usar a própria roupa.

Integridade, a alma da reputação. Falar e fazer de forma coerente. Walk the talk – fazer o que se fala.

Amor, talvez o mais importante. Falar com alguém sem raiva, sem intenção de prejudicar, derrubar. Não há como não pensar nos discursos de ódio e o mal que fazem à humanidade.

Julian menciona o casamento perfeito. Não é só o que dizemos, mas como dizemos. Uma antiga chefe, hoje amiga, fala que você pode proferir um palavrão e arrancar risadas. Ela está correta. Ao mesmo tempo, você pode dizer eu te amo de um jeito que vai gerar desconforto e até medo.

Para isso, Julian nos convida a identificar a nossa voz. Verificar os efeitos. “Se você quer peso, precisa sair do peito”, explica o especialista. Vir do coração. Ser respeitado não significa gritar. Muitas vezes, uma audiência se cala porque falamos baixo.

Falar de um jeito que mostre acolhimento, segurança, confiança. Segundo Julian, fonoaudiólogos, profissionais desse campo são poços de dicas e é possível treinar. Há exercícios, respirações. Aliás, preparar-se para uma conversa é de uma generosidade incrível. É preocupar-se com o outro.

Nem todos vão querer ouvir. Uns falam por cima dos outros, há ruídos. O mundo é um grande bar lotado. Encontrar a mesa e a cadeira adequadas nem sempre é fácil. Enturmar-se e entrar na conversa mais desafiador ainda.

Agora, pense: se você passar a priorizar o sentimento e a forma ao falar, de forma mais consciente, que impacto isso teria? E se passarmos a ouvir com outra cabeça, outro coração, outra alma?

Uau. Que mundo maneiro seria. Julian Treasure é mesmo um tesouro.

Fonte: https://www.juliantreasure.com/

 

 

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