Não é fácil crescer

Não é nada fácil. 

Seu filho é autista. Está na pré-adolescência. Foi alfabetizado. Conhece os números. Mas não deixa de ser um menino grande. Gosta de carrinhos. Gosta de videogame. Gosta de falar de pum, como todo moleque. 

Mas é preciso pensar no futuro. O que será dele quando eu e o pai dele não estivermos mais por aqui?

É preciso crescer. E crescer dói para todos. Inclusive para os autistas. E cada autista tem um jeito de reagir.

O meu garotinho tem crises. Ele fica agitado, diz que vai soltar a cabeça. Porque a cabeça dele está cheia de ideias, hormônios e mudanças. O novo gera isso nele.

Diante das mudanças da vida, adolescentes fogem para o quarto. O meu menino foge para os carrinhos e joguinhos. 

Minha vontade é acariciar seus cabelos, colocá-lo no colo e dizer que vou protegê-lo pra sempre. Mas isso não é uma verdade absoluta. 

A escola tem dificuldade para entender isso. Sequer entende quando ele repete frases. Para a escola, quanto mais quietinho, melhor. Quanto mais no mundo dele, melhor.

Para nós, não. Para nós, escola precisa somar. Não diminuir.  Para a gente, proteção é o que queremos, mas não podemos estimular. Queremos o nosso menino mais independente, mais incluído na vida. E isso requer que a gente cresça também. 

Dói. Mas é preciso. 

Comentários

Postagens mais visitadas