Ninguém solta a mão de ninguém

Ninguém faz nada sozinho. Ou não deveria ser assim. Tudo fica mais fácil quando há ombros, braços e mãos amigos. É um alívio quase que imediato - poder contar com alguém num caminho que já é cheio de curvas, subidas, descidas e muita aventura.

Você aprende a ouvir mais. E a reparar no que ninguém presta atenção. E a ter resiliência. E bom humor quando ninguém tem. Teremos dias de só querer ver o  quarto, a cama, a televisão. Não querer falar com ninguém. Vão te julgar e dizer que você estará parecida com a situação. 

Mas é aí que perceberão - assim espero - que essa característica não é exclusividade de alguns. Todos nós somos um pouco assim. Somos iguais em nossas diferenças. E diferentes em nossa forma de ver a igualdade. 

A calmaria estará presente em alguns dias. Em outros, ocorrerão as crises. E os sintomas que não se confirmam. A vida não vai esperar, não te dará trégua só por causa do seu caminho constante e alternativo. Digo isso porque tortuoso é o que os outros avaliam, sem saber o que você passa. Você, ah, você vai ter um amor maior que o mundo e considerará que foi o melhor que podia ter te ocorrido. 

Não é fácil. Mas é amor demais envolvido. Ao mesmo tempo. Assim, feito liquidificador, feito vida louca.

Assim somos nós, pais. E assim sou eu, mãe de um garoto autista, de 11 anos de idade. Feliz com o meu garotinho amoroso, levado, criativo, que adora um hotel, que me ensina todos os dias o que é comunicação além do tradicional. 

Feliz dia de luta pelo autismo, pela inclusão, pela vida, meu filho. Feliz dia a todos os pais, parentes, amigos, professores, psicólogos, gente que batalha todos os dias por cenários melhores. Gente que, de verdade, entende o dia a dia de famílias e de pessoas com deficiência.
Giovani (o mais alto) com os amigos em Atibaia





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