A fome de uma pessoa gordinha. Ela sabe que vai jantar no avião, mas a barriga insiste em reclamar. Afinal, é o relógio biológico, são nove da noite. Então, ela se vê entre pizzas em um buffet de trinta e nove reais. Soa como promoção no aeroporto - vida nada fácil para qualquer bolso. A atendente a ignora e ela, então, apela para outra funcionária, que olha nos olhos das pessoas. Gostou. Mas é a que fala com os clientes com a mão de "espere um pouco, você não é tão importante assim" que traz o refil gigante de Coca-Cola. Ela molha os braços e a cliente ri com a satisfação de sentir-se vingada.
O voo é estranho. Companhias aéreas que não são da sua terra são estranhas. Você se atraca com as séries de "How I met your mother" e depois tenta dormir. A cadeira não é muito confortável. Desperta em um fuso uma hora antes do seu e tenta não dormir em pé na fila da imigração. Sente-se aliviada no táxi. Afinal, o aeroporto é mais próximo do que o da vez passada. Logo chegará ao seu destino.
Mas eis que houve um problema na reserva. O nome não estava no computador. Sucks! A recepcionista aconselha a tomar um café e aguardar até às 9h da manhã. Com muito sono, ela precisa mesmo de um café. Vai até a cafeteria mais próxima. Queria a Starbucks, mas ficou com medo de se perder. Entra na cafeteria que não é Starbucks e se apaixona pelo Cinammon Roll disponível no balcão. Acha o preço justo e quando vai pagar, a loja não tem leitura para cartão com chip e nem tem troco para uma nota de 20. Tinha tudo pra dar errado. Mas deu muito certo. A moça do caixa simplesmente disse: "no problem". No problem, eu comi de graça. Parece (não parece - é, de fato) um feixe de luz na vida. Como se as coisas fossem do jeito que tinham de ser.
Volta para o hotel e realmente danou-se tudo. Não tem quarto disponível. E o segundo feixe de luz aparece. A recepcionista indica um aplicativo salvador, que logo apresenta um hotel em frente, com preço acessível e aceitável para o cartão. E vamos à próxima rodada.
Hotel com cheiro bom. O que é demais. Preciso esperar mais um pouco para o quarto ser liberado. O cansaço, afinal, vence e cochilo no sofá do hotel. Sorridente, o terceiro feixe de luz aparece, satisfeita por ter conseguido adiantar o máximo possível a limpeza do quarto. Então, depois de tudo, a moça dorme profundamente, vivendo o sono dos guerreiros, com ajuda dos feixes de luz.
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