Inclusão não é brincadeira

Nosso menino tem agora 11 anos. Está no sexto ano. Mais professores, colégio novo. Começos não são tão fáceis. Ao mesmo tempo, corpo mudando, pelos surgindo, voz engrossando. Amadurecimento no mundo azul causa certa admiração.

Mas, preocupa. O que será do menino? Como enfrentará as situações adversas? Mudanças sempre são complicadas para garotos azuis. 

A escola não responde aos chamados. Tudo é muito tecnológico, eletrônico, cheio de mecanismos. Mas e o toque humano, onde fica?

Famílias azuis vêm com mais coragem. Porque é sempre assim. Nunca é fácil, é preciso ter a disposição da luta. 

Escolas têm desafios. No Brasil, desafios ainda maiores. É analfabetismo, é a fome, é a desigualdade, são os baixos salários dos professores. Muita coisa. 

E, aí, tem a inclusão. Um peso a mais para um País tão carente de Educação, de Cultura. E que produz significados diversos.

Para muitos, inclusão é esterótipo. Ouvi de uma educadora: "nossa, como a adaptação dele foi rápida!". Sob qual ótica, qual parâmetro? Certamente, ela o julgou por rótulos. E, quem minimamente conhece o mundo autista sabe que nenhum autista é igual ao outro. 

Para alguns, pessoas com deficiência deveriam ficar segregadas. Ouvi do professor "a senhora me desculpe a minha opinião, mas era melhor pra ele ficar na mesma sala de pessoas com a mesma capacidade mental dele". Nessa hora, eu me calei. Acho que contava a mim mesma o que ouvira. Ao mesmo tempo, em algum segundo tomei a decisão de continuar calada. Porque é cedendo que se conquista.  Se eu quero conquistar dar suporte à escola, preciso, nesse momento, apenas apurar.

Claro que para essa opinião há um pensamento muito simples. Suponhamos que esse professor mude de profissão. No mínimo, levará um tempo para se adaptar a novas rotinas. Que tal se esse professor fosse segregado, até que estivesse à altura dos mais experientes? Será que seria produtivo? Quem não inclui não entende que também pode não ser incluído num debate muito maior, mas democrático, em que todos crescem.
Fonte: Google Imagens


É óbvio que há casos e casos e não sou de forma alguma xiita. Entendo que há pessoas com necessidades mais específicas. E que às vezes é melhor, em alguns casos, escolas especiais. Mas, não se pode generalizar. E quem generaliza é porque segue opiniões generalizadas, a falta de senso comum. Ou seja, não entende minimamente do que está falando.

Para alguns, inclusão significa entender o outro. Ouvi da professora de Inglês que o meu garoto a vence em partidas de damas. Vai partir agora para o xadrez. Não muito orgulhosa, descobri que o mocinho diz à professora de Espanhol e Português que não faz lição. E que o professor de Geografia está descobrindo formas de atrair a atenção dele. 

Ao final, o toque humano se sobrepôs aos aplicativos e e-mails. Ainda tem chão. Ainda temos que vencer barreiras, ser o suporte que a escola precisa, mas resiste em ter. 

O que me motiva? Meu filho, lógico. Mas, outras crianças. Foi fazendo uma ativação assim que tornarmos a escola anterior uma referência para famílias com filhos com deficiência.

Inclusão é possível. Até para quem não acredita nela. 




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