Há esperança

Em uma semana especialmente complicada, entre as polêmicas sobre os efeitos do que é Justiça, do que é Política, fico tentada a compartilhar um ou outro artigo a respeito do tema. Mas, desisto. Preguiça do mundo polarizado.
Fico a pensar sobre como é lidar com os grandes desafios. Como é olhar para tantas esquizofrenias cotidianas e enxergar que sim, é possível continuarmos humanos. Ok, temos muitas coisas quebradas por aí. Em todos os sentidos. Mas, quando é que vai entrar a parte do conserto? Ou nem chegamos perto e ainda há muito a ser destruído?
A gente vai levando. Vem rotina, vem a não rotina. Agendas mudam. A prateleira do escritório, há um ano meio fixada, esperando uma análise mais minuciosa dos moradores. Eis que surge o momento. E avaliamos que o marceneiro deu uma bela enrolada na gente. Parede oca. Nem era para ter prateleira ali. Cansaço. Decisão de investimento em uma mesa. E lá vamos nós resolver. Aquela cortina que nunca era pendurada, foi finalmente colocada em seu devido lugar. Os pequenos prazeres de se acordar com uma penumbra e a olhar com mais ternura pra aquele quartinho destinado a um escritório improvisado.
Descomplicar é bom.
Em meio a isso tudo, cenas se misturam e notamos que as imperfeições são humanas. As conversas com quem está próximo  nos ajudam a ver que todos temos caminhos, ora com mais curvas, ora mais suaves. Todos entramos e saímos de momentos mais críticos. Todos temos aqueles dias intermináveis. Mas, o bom é que amanhece na sequência.
Tem dia seguinte.
Aí, vem o domingo. Sempre ele. Eu me deparo com um garotinho, pele macia, olhos castanhos. A gente começa a falar de Deus. E eu digo pra ele conversar com Deus.  Ele explode no choro. Perdeu a mãe há quatro meses. Eu pego no seu queixo, olho pra aqueles olhos tristes, bonitos e marejados. Eles meio que me convidam a entrar pela alma do garotinho. Falo pra ele que eu perdi meu pai. Que eu sei que não é fácil. Digo pra ele que ter saudade e chorar são boas coisas. Escondo dele que ele vai sentir saudades sempre. Achei melhor não contar. Meio que choramos juntos. Aí, como uma criança sendo criança, ele conversa com Deus. E se joga em outras conversas, vai ser criança. E eu também, não como criança, mas saio para outras coisas. Mas, alguma coisa ficou ali, meio que trazendo a emoção à tona.
Tem esperança. Ainda somos humanos.
Então, foi mais ou menos isso. Tem sempre um dia seguinte. Tem sempre uma esperança. A gente é que complica. Porque somos humanos. Mas, tem o dia seguinte…



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