Tá tudo bem aqui dentro

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Tem sempre aquela semana que é interminável. Chega sábado, mas a semana não termina. Chega 2020, mas a sexta-feira não acaba. Tive uma semana assim. 

Desafio com demanda velha e gente nova. Gente querida indo embora. Evento especial na área do voluntariado. Sim, tudo na mesma semana. Tentativa de escola nova em busca da inclusão. Pessoas que amamos precisando de colo. Consulta médica que não se pode adiar.  A prática do exercício que precisa entrar nos trilhos, mas não tem como. O horário da sobrancelha, desmarcado duas vezes. A escova, que você consegue às 14h30, só tem 30 minutos e a cabeleireira atrasa. Parece white people problem. Mas junte isso tudo no liquidificador da vida. Pequenas dores de cabeça viram enxaqueca.

Ah, e tem a galera que a gente ama e que precisa de colo. Tem muita gente sofrendo por aí. Mulher com filha de 21 anos com princípio de AVC. Senhor com problemas de coração. Mulher guerreira com filha de 18 anos com hidrocefalia. Mãe de autista sendo agredido em escola pública e precisando de uma corrente do bem. Senhor de idade enfrentando as amarguras do SUS e felizmente era só pedra na vesícula. Segunda mãe às vésperas de colocar um stent.  Sim, tudo nessa mesma semana. 

São perrengues num minuto e milagres no segundo seguinte. Com tanta coisa, tudo se espelha. As sensações vão do riso, da calma, ao suor frio, à dor de barriga. Há um pouco de insônia, mas ainda sob controle. E há a voz da liderança. Liderar equipe é gerenciar frustrações, dar esperança, dar o norte, mesmo que por dentro você queira dizer as mesmas coisas que o seu time. Ser mãe, ser esposa, ser amiga, ser voluntária requer a mesma coisa. É preciso dizer a coisa certa e ajudar as pessoas. Sentir a dor do outro.

Não se pode fazer o que se quer quando é adulto - o que já é uma tremenda incoerência. A gente cresce achando que depois dos 18 será dona do próprio nariz. É de rir com todas as forças.

A gente respira fundo e usa sapatos com salto - que eu odeio. A gente precisa se maquiar - coisa que não faço, mas já vi que é melhor, ainda mais com os "enta" cavalgando por aí. A gente tem que engolir sapos. Ouvir incoerências. Fingir que não está vendo as sacanagens da vida. 

O corpo sente, algum prato cai. Mas a vida vai em frente. Esse fim de semana foi de alguns compromissos, mas descanso. Alguns eventos, eu simplesmente não dei conta. Mas está tudo bem. 

Tá tudo bem aqui dentro.

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