O que te irrita é o que te faz crescer

Sabe quando você se depara com a cilada? As coisas estão lá, bem à sua frente, mas você acha que vai ficar tudo bem. Não fica. Aparece uma discussão (e às vezes nem é com você, mas quebra o ritmo do grupo). Alguém que só sabe reclamar à sua volta. Você até dá uma conferida, para ver se também é uma resmungona, mas percebe que aquilo ali veio de graça. De graça, não. É o entulho do outro. Mas, vem pra você, porque você está ali, de paraquedas, ímã de roubada.

Ou porque foi criada para isso. Para resolver problemas. Quem mandou ter antena ligada? Quem mandou querer ser boazinha? Aliás, tenho bronca da palavra. O legal é ser do bem. Bonzinho já é sinônimo de conformismo, de ira disfarçada. É aquela galera igual a boneco de carro, balança a cabeça positivamente, mas tá se destruindo por dentro, engolindo o que não quer. Uma amiga me disse que quando a gente perde a noção do perigo, é como andar com os olhos vendados pela rua e com a boca aberta. Ou seja, está à mercê de qualquer coisa. Eu ri (e muito). Mas, não é que às vezes a gente faz isso? Para não se aborrecer, fechamos os olhos, engolimos qualquer coisa e seguimos pesados de sentimentos que invadem as vísceras. Bolas de problemas rolando por ruas, escritórios, festas de aniversário.

Mas, enfim, as irritações virão. Às vezes de um jeito único, de uma vez só, que é para ter dúvidas se vamos sobreviver. Sobrevivemos, claro. Mas, como?

Dica número 1: você já percebeu que não é com você. Que a pessoa está sem ambiente em casa, sei lá, a vida anda ruim para ela. Já é uma boa conclusão: não é contigo.

Dica número 2: afinal, a criatura está aí, do seu lado. O que vamos fazer? Aprender. Isso mesmo. A não fazer igual. A não se contaminar. A ficar em silêncio (por que raios temos que responder a tudo e de imediato?). Deixar o rio correr. O tempo muitas vezes resolve. Às vezes a pessoa só queria gritar para alguém. E você foi o escolhido. 

Dica número 3: inspire-se para inspirar o outro. Seja feliz, vai ouvir aquela música do The Police que você tanto gosta ("Every breath you take..."). Vai fazer pilates. Vai caminhar. Vai fazer as unhas. Vai ter uma conversa decente. Vai ler um livro. Vai ler Isabela Allende. Ou Julian Barnes. Vai fuçar a Internet e compartilhar bobagens pros amigos rirem. Vai, vai ser alguém pra você. 

Pode ser que o outro veja e queira te imitar. "Não é que essa louca encontrou um jeito de não ficar refém dos problemas?".

O preço a se pagar é que o tempo vai passar mais rápido. Você ficará feliz com seus pequenos segredos de fuga. Você vai deixar para visitar a vizinha outro dia. Você vai comprar lasanha pro filho levar pra escola porque não vai rolar fazer marmita às 23h. 

Você vai viver. 
Fonte: Google Images



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