Os seres humanos da alma. Eles existem.
https://www.youtube.com/watch?v=PTDgP3BDPIU
Outro dia peguei um táxi. Alheia ao motorista, fui trocando mensagens com um amigo que está passando por um momento difícil. Foi quando ele me interrompeu:
- Eu me lembro de você.
- Sério?
- Sério. Eu levei você outro dia ao hospital, no Jabaquara.
- Ah, é verdade. Fui visitar um amigo, que estava precisando de ajuda.
- Sim, sim. Eu fiquei te esperando, porque àquela hora é difícil passar táxi. E te levei para casa. Aliás, os motoristas ficam esperando ansiosamente pela senhora. Porque a maioria mora perto da sua casa.
- Nossa, nem sabia disso.
Nessa hora eu ri e ao mesmo tempo, pensei: "estou ficando famosa entre os taxistas". Nesse momento, uma outra pessoa me ligou. Estava se sentindo mal e ficamos conversando. Ao desligar, novamente meu novo amigo taxista me interrompe:
- Afinal, o que a senhora faz? Ajuda as pessoas?
- Eu sou jornalista, trabalho numa agência de comunicação. E gosto de ajudar, sim, no que eu posso. Afinal, é o mínimo a se fazer nesse mundo doente.
- A senhora tem razão.
E continuou.
- Sabe, eu distribuo cartas aos passageiros que desabafam comigo. Outro dia, uma pessoa entrou no carro, quase sem roupa, mas com R$ 1000,00 em mãos. Eu fui o único motorista que topou buscar essa pessoa. Conversando com ela, entreguei-lhe a carta. Ela começou a chorar, disse que andava afastada do que lhe faz bem.
- Quer dizer que o senhor anda com as cartas no carro e as distribui quando vê que alguém está precisando?
- Sim. Igual à senhora ao telefone.
O papo prosseguiu até a porta da minha casa. Contamos casos de pessoas que estão sofrendo muito, não estão vendo luz no fim do túnel. Descobrimos que temos religiões diferentes. Mas, concordamos que o dia que a humanidade souber o que é pra ser feito, elas talvez nem precisem existir.
Ele me deu uma cópia da carta. Basicamente, ela fala à pessoa que se ela tem se sentido só, é para ela não esquecer que nunca estará sozinha. Finalizou, dizendo:
- Olha, quando eu estiver no ponto e a senhora passar, vou entregar essas cartas pra senhora distribuir também.
Paguei a corrida e entrei em casa. O cansaço do dia foi embora. Um valor que não tem corrida que pague.
Finalizo o caso com o trecho da música "Amarelo" , que não sai da minha cabeça.
Amarelo
Belchior, Emicida, Majur e Pablo Vittar
Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro.
Outro dia peguei um táxi. Alheia ao motorista, fui trocando mensagens com um amigo que está passando por um momento difícil. Foi quando ele me interrompeu:
- Eu me lembro de você.
- Sério?
- Sério. Eu levei você outro dia ao hospital, no Jabaquara.
- Ah, é verdade. Fui visitar um amigo, que estava precisando de ajuda.
- Sim, sim. Eu fiquei te esperando, porque àquela hora é difícil passar táxi. E te levei para casa. Aliás, os motoristas ficam esperando ansiosamente pela senhora. Porque a maioria mora perto da sua casa.
- Nossa, nem sabia disso.
Nessa hora eu ri e ao mesmo tempo, pensei: "estou ficando famosa entre os taxistas". Nesse momento, uma outra pessoa me ligou. Estava se sentindo mal e ficamos conversando. Ao desligar, novamente meu novo amigo taxista me interrompe:
- Afinal, o que a senhora faz? Ajuda as pessoas?
- Eu sou jornalista, trabalho numa agência de comunicação. E gosto de ajudar, sim, no que eu posso. Afinal, é o mínimo a se fazer nesse mundo doente.
- A senhora tem razão.
E continuou.
- Sabe, eu distribuo cartas aos passageiros que desabafam comigo. Outro dia, uma pessoa entrou no carro, quase sem roupa, mas com R$ 1000,00 em mãos. Eu fui o único motorista que topou buscar essa pessoa. Conversando com ela, entreguei-lhe a carta. Ela começou a chorar, disse que andava afastada do que lhe faz bem.
- Quer dizer que o senhor anda com as cartas no carro e as distribui quando vê que alguém está precisando?
- Sim. Igual à senhora ao telefone.
O papo prosseguiu até a porta da minha casa. Contamos casos de pessoas que estão sofrendo muito, não estão vendo luz no fim do túnel. Descobrimos que temos religiões diferentes. Mas, concordamos que o dia que a humanidade souber o que é pra ser feito, elas talvez nem precisem existir.
Ele me deu uma cópia da carta. Basicamente, ela fala à pessoa que se ela tem se sentido só, é para ela não esquecer que nunca estará sozinha. Finalizou, dizendo:
- Olha, quando eu estiver no ponto e a senhora passar, vou entregar essas cartas pra senhora distribuir também.
Paguei a corrida e entrei em casa. O cansaço do dia foi embora. Um valor que não tem corrida que pague.
Finalizo o caso com o trecho da música "Amarelo" , que não sai da minha cabeça.
Amarelo
Belchior, Emicida, Majur e Pablo Vittar
Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro.
Comentários
Postar um comentário