A tristeza do outro

A gente vê, escuta. Balança a cabeça. Mas, há uma hora que a aberração é tão grande, que fica inevitável o mal estar. Gente próxima que você nunca ousaria pensar... pensam de um jeito, travestido de liberdade de opinião, que - perdão, à procura de uma palavra mais suave, mas não encontro - é de uma calamidade atroz. Revestem-se de depoimentos isolados, dados duvidosos e já repetidamente rebatidos. Já falei isso aqui, mas fica mais e mais nítido. Essas pessoas vão além do pensar diferente. Pensam em si mesmas.

São muitos pontos em comum. Só elas falam. Escutar é algo raro para elas. Há quase um nervosismo e misto de adrenalina em falar tudo, de forma encadeada, que é para ficar provado e comprovado o que está sendo dito. Bem comum não é o foco. Pelo contrário. Não há um segundo de empatia. Talvez, um pensamento inocente "mas já que o outro pensa diferente e se eu fizer isso em sinal de respeito à opinião dessa pessoa?". Não, isso não faz parte do jogo. O jogo é aniquilar o oponente e não entrar em consenso. Porque o mais importante é provar que está com a razão.

Geralmente, pouco fazem pelo outro. É o mundo, a bolha deles, em que só entram seus iguais. Pensar na humanidade, em bolhas diferentes, é algo fora de cogitação. O mundo é deles - e só deles. É triste ver o outro assim.

Há aqueles, sempre, na contramão. Em pensar que independentemente de raça, credo, seja lá o que for, se o propósito é alcançado e ajuda a todos, já valeu. A ultrarreligiosidade. O fazer para todos e não só para mim ou para os meus. 

Aos poucos, vamos prestando atenção ao que interessa e deixando a sobrecarga da mochila pelo caminho.
Banda "The Flaming Lips", em show em 2020.

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