A comunicação do que é incomunicável

 Não é fácil lidar com autismo. E não é fácil lidar com Alzheimer. A vida nos apresenta situações, ora coordenadas, ora espaçadas, ora desorganizadas. Mas que são para a gente confirmar práticas, reaprender métodos e crescer. Por vezes a gente pensa que é pegadinha do destino, teste de sobrevivência, piada de mau gosto. 

Consigo, hoje, ver com serenidade. Não com glamourização, mas, pés no chão, olhos vívidos e costas de bagagem. Uma bagagem que naturalmente começa a se desfazer do que não serve mais.

Não há receitas, mas possibilidades de irmos com o máximo de leveza. Não quer usar mais sutiã. Quer independência e não podemos tirar isso da pessoa. Porque é a tentativa de se ir adiante. Mas, é possível contornar. Oferecer um creme novo para que tome banho. Cuidar. Assim também é com o autismo. Evitar gatilhos, antecipar-se e tratar da forma mais normal possível. Quando eu vejo defesas e teses de tristezas, tratamentos duros para pacientes e mais ainda a familiares e amigos, eu respiro com certo alívio. É o caso de https://www.youtube.com/channel/UCTAj9NsjqmM_-kuSPxCHLIA, por exemplo, uma filha que relata como tem sido o Alzheimer da mãe. 

Entendo que a grande lição do momento é: vale a discussão? É bom pro outro? É bom pra quem?

Gosto muito de Kafka. Ele fala sobre o que é comunicar o incomunicável. Isso me faz pensar nas infinitas formas de comunicação. Não há, de novo, formatos, regras. Há a vontade de fazer conexão com o outro. Esse é o combustível.



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