É possível sobreviver à unanimidade incoerente?
Dia longo. Com momentos muito bons. Chego em casa e me deparo com a realidade fria. A que estarrece a sociedade via noticiários - julgados como sensacionalistas, porque, afinal, não são nas esquinas de quem fica chocado que os fatos acontecem.
Alguém me relata que um parente foi vítima de um assalto. Roubaram-lhe os itens de trabalho. Xingaram e ameaçaram a vítima, encostando a arma em sua nuca. A vida não vale quase nada.
Leio as principais notícias. Acharam, afinal, um dos suspeitos da morte da vereadora Marielle. Os comentários que dão sequência à notícia são desrespeitosos. As pessoas misturam outros fatos para justificar o injustificável. Um assassinato. Uma ignorância cortante, de emudecer os mais resilientes, que lhe tira a coragem de qualquer interação. Como é que se debate com alguém assim?
Segue o noticiário sobre João de Deus. Mais comentários desrespeitosos. Duvidam das mulheres. Desqualificam uma por ser prostituta. Como se gritassem ao mundo que uma prostituta não tem credibilidade para denunciar um estupro. Mais desrespeito. Claro e óbvio que o caso precisa ser devidamente apurado. Mas, julgar sem análise, é no mínimo degradante.
A polarização trouxe à tona uma sociedade doente e igualmente ignorante. Muito ignorante. Inevitável citar Nelson Rodrigues: "toda unanimidade é burra". De fato, temos uma acessibilidade à informação inigualável, rápida. Hoje, discutimos 5G, nuvem e Internet das Coisas. E, não tendo a tecnologia culpa de nada, estamos nos tornando péssimas pessoas. Horríveis.
Eu já tentei não opinar. Já voltei atrás e fui pro debate. Admiro os amigos que ignoram tudo isso. E mais ainda os que bravamente só publicam coisas positivas. Acredito no poder da corrente do bem. Acredito no exemplo. Mas, que há muito a ser feito, há. Quando se deixa pra lá, como a humanidade fez e vem fazendo, formam-se lodos muito profundos. É preciso tempo. É preciso calma. É preciso resistência.
É a nossa única chance.
Alguém me relata que um parente foi vítima de um assalto. Roubaram-lhe os itens de trabalho. Xingaram e ameaçaram a vítima, encostando a arma em sua nuca. A vida não vale quase nada.
Leio as principais notícias. Acharam, afinal, um dos suspeitos da morte da vereadora Marielle. Os comentários que dão sequência à notícia são desrespeitosos. As pessoas misturam outros fatos para justificar o injustificável. Um assassinato. Uma ignorância cortante, de emudecer os mais resilientes, que lhe tira a coragem de qualquer interação. Como é que se debate com alguém assim?
Segue o noticiário sobre João de Deus. Mais comentários desrespeitosos. Duvidam das mulheres. Desqualificam uma por ser prostituta. Como se gritassem ao mundo que uma prostituta não tem credibilidade para denunciar um estupro. Mais desrespeito. Claro e óbvio que o caso precisa ser devidamente apurado. Mas, julgar sem análise, é no mínimo degradante.
A polarização trouxe à tona uma sociedade doente e igualmente ignorante. Muito ignorante. Inevitável citar Nelson Rodrigues: "toda unanimidade é burra". De fato, temos uma acessibilidade à informação inigualável, rápida. Hoje, discutimos 5G, nuvem e Internet das Coisas. E, não tendo a tecnologia culpa de nada, estamos nos tornando péssimas pessoas. Horríveis.
Eu já tentei não opinar. Já voltei atrás e fui pro debate. Admiro os amigos que ignoram tudo isso. E mais ainda os que bravamente só publicam coisas positivas. Acredito no poder da corrente do bem. Acredito no exemplo. Mas, que há muito a ser feito, há. Quando se deixa pra lá, como a humanidade fez e vem fazendo, formam-se lodos muito profundos. É preciso tempo. É preciso calma. É preciso resistência.
É a nossa única chance.
Capa do álbum "The best of 1980-1990", U2
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