A inspiração pra sonhar



A Flor de Lótus é conhecida pelo inexplicável desabrochar de uma linda flor em meio à água cheia de lodo. A flor é símbolo principalmente na cultura oriental e na filosofia búdica. 

Na Literatura, uma das fases que mais me inspira é o Realismo. Nas obras de Aluísio de Azevedo, tal como "O Cortiço", a mensagem é sempre de que o homem é produto do meio.

O que me traz ao debate interno sobre como anda a vida atual. Que era para ser como a Flor de Lótus ou um anti-realismo, em que o homem pode - e nasceu para isso - modificar o meio.

Mas, erramos. Erramos feio. Criamos mais lodo do que flor. Viramos reféns do meio. E do medo. Atacamos uns aos outros, porque não acreditamos mais na esperança. Nós a matamos. 

Derrotados, encaramos o cotidiano com apatia. É o feminicídio. É o racismo. É a homofobia. É o preconceito. A exclusão. 

Porém, se a sombra é grande, é porque a luz é de tamanho proporcional. Há uma lógica natural entre o bem e o mal, o claro e a escuridão. O que me lembra , com saudade, do Barroco e de Gregório de Matos, com seus antagonismos.

Encontrar inspiração no caos não é fácil. Diria, no entanto, que é possível. E, por onde se começa? Pela dor. Pois é, encarando as dificuldades. Olhando nos olhos, ficando cara a cara com a ferida. Uma trajetória insana, mas que cura. E inspira. E cura. E deixa cicatrizes. Mas, cura. 


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