A casa silenciosa



São 2h30 da madrugada. O sono desapareceu e a fez abrir os olhos. Ela olha pro filho que dorme. Pensa se não é melhor fechar os olhos. Mas, o sono insiste em não reaparecer.

Ela se levanta. Busca relaxamento no copo d'água. Lembra-se de que esquecera de regar as plantas. Então, no silêncio da madrugada, faz um ritual, que começa pelas plantas da área da lavanderia e termina nos vasos suspensos da sacada. Vê com satisfação a pimenteira refrescar-se e admira as folhas de hortelã que estão nascendo e perfumam o ambiente.

Ao passar pelos arranjos florais, nota que algumas flores morreram. Reluta em fazer isso àquela hora. Mas, cede e tira as folhas murchas, troca a água dos vasos, coloca uma nova flor. Fica feliz pelo resultado e ainda mais pela comemoração sem sons. 

O silêncio lhe dá calma. Refúgio. Energia. Paz. É o momento dela.

Sente, afinal, uma vantagem naquela insônia. Por que não já arrumar a mochila do filho? E, que tal um banho? O silêncio lhe faz companhia. A quietude, a calma, tudo isso dá significado à experiência.

E, aí, então, ela dorme. Daqui a pouco vai acordar com o barulho da vida. Mas, com a sensação de que teve um momento seu. Ansiosa para driblar o novo dia e voltar para esse silêncio, para as suas plantas, as suas coisas. 



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