O que é ter um filho especial


Às vezes, cansa. Seu filho quer se comunicar, mas não consegue. O autismo barra. Ele fica confuso, parte para a autoagressão. Você sofre junto com ele.

Às vezes, você se sente jogada às cordas de um ringue, mas precisa prosseguir. Quase que automaticamente. Quase que, às cegas, pois, humanamente, as forças parecem ter ido embora de vez. Mas, como em uma estrada sinuosa, ao passar por uma curva, o combustível, mesmo na reserva, indica que ainda é possível prosseguir.

Esse combustível é, sem dúvida, amor. Que, não exageradamente, é sinônimo de responsabilidade, de perseverança e, não conseguindo evitar uma rima, de esperança.

Até onde você vai por alguém que ama? Sim, você vai longe.

É preciso se amar também. Porque não se faz feliz o outro se você não está feliz. É preciso revezar. E é um alento poder contar com um companheiro ao lado. Que é, além de e acima de tudo, um ótimo pai. Porque você dorme e sabe que alguém está segurando as pontas pra você. Assim como você vai retribuir e segurar as pontas pra ele.

É preciso respirar.

As noites possuem vários significados. Mas, sem dúvida, um deles é o intervalo. É o esperar da manhã seguinte. Mesmo que a insônia invada o campo, é um silêncio quase total, uma parade pra olhar pro nada, pensar em tudo, aquietar-se. E, inexplicavelmente, a manhã faz doer menos o dia anterior. Não sei se há uma razão científica. Deve ter. Seja lá o que for, noites são importantes na vida.

É aí que vem o recomeço.

A tal da força, da fé, de olhar com amor total, sem dor, pro seu filho. De ter ânimo para continuar na luta, no caminho.

Assim é o carrossel. A montanha-russa. A vida. Os filhos. Os especiais. Todos são.


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