Muito mais que futebol

 Não é de hoje que eu amo futebol. Praticamente, 100 por cento de culpa do meu pai, com ajuda de amigos e familiares - todos apaixonados por futebol.

Sou flamenguista. Culpa total da "seleção" disfarçada de time na década de 80. Zico, Júnior, Adílio, Andrade, Raul, Nunes e outros craques.  O tempo passou, a ingenuidade e as lembranças da infância deram vez à situação real. O futebol não é um paraíso. 

Mas, amor envolve conhecer os lados bom e ruim. E ainda ser capaz de amar. Eu fico, sempre, com a torcida, com o contexto, com o que cada partida traduz. Daí, a expressão que gosto de usar: é muito mais do que futebol.

E é sobre o que Atlético Mineiro e Flamengo trouxeram de tema para esse texto. O caldeirão mineiro - o estádio Mineirão - fervia. Festa belíssima da torcida atleticana, enquanto uma parcela bem menor de flamenguistas também fazia bonito. Lotado, confusões dentro da própria torcida do Atlético, mas o jogo, sobretudo, bom. Deu saudades. Em 2014, tive o privilégio de assistir a uma partida da Copa do Mundo - Brasil x Chile. Lembro nitidamente da acústica do estádio, da visão próxima do campo. Vi na torcida de ontem do Flamengo a situação dos torcedores do Chile naquele 2014. Eram, também, minoria. Sem dúvida, um estádio que me traz emoção na experiência, porque naquela tarde, o coração quase saiu pela boca, porque quase o Brasil foi eliminado e, ainda por cima, Neymar saiu de campo seriamente contundido. O estádio ficou em silêncio com o som da pancada, para se ter uma ideia. 

Ontem, talvez, pelo local, a emoção veio à tona novamente. Desta vez, por conta de um jogador: Hulk. O mesmo Hulk que eu vi jogar naquele Brasil x Chile. Foi uma noite inquestionável. Ele jogou em todas as posições possíveis. Fez um gol por cobertura, participou da jogada no segundo gol do time. Mas, o fator mais marcante viria ao final do jogo.

Enquanto, de um lado, um craque  culpava o campo, culpava o caldeirão atleticano, culpava a vida, prometia um inferno sem precedentes no jogo próximo, no Maracanã, Hulk respondeu à provocação com muita sabedoria. Explicou que no elenco do Atlético Mineiro há muitos jogadores de talento, com nível e experiência de Seleção Brasileira de Futebol. E, ainda, revelou que está jogando há duas semanas com uma inflamação no pé.

Esse é o grande resultado do jogo de ontem. Um sinal de que fazer o que se gosta, puxar para o peito - e a camisa que veste - a responsabilidade e a empatia. Sim, a empatia. O companheiro do time, Keno, saiu contundido e aos prantos, porque queria continuar jogando. E o Hulk foi lá e ajudou o time a não sentir tanto a falta do colega atacante.

Muito mais que futebol.

Fonte: UOL/Imagem: Robson Mafra/AGIF

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