Tá faltando compaixão

Hoje fiquei sabendo de mais uma pessoa querida contaminada pelo COVID-19. O noticiário, a cada minuto, despeja toneladas de informações que d-e-s-e-n-h-a-m que há um vírus à solta sem filtro para gênero, raça ou conta bancária.
E o que a gente faz?
A gente se divide. Ouvimos frases que é difícil pensar que são de autoria de seres humanos. “É, todo mundo vai pegar”. “É, vai morrer quem tem que morrer”. “Não é isso tudo, não, há muito exagero”. “Vou usar máscara por qual motivo, se pega quem tem que pegar?”.
Por um lado, hospitais lotados, por outro, preocupação com o fechamento de portas do comércio e da indústria, e uma onda de recessão sem prazo para acabar. No meio, trabalhadores da periferia se espremendo dentro de transportes públicos.
Doença, pobreza, conflito. Chegamos ao fundo do poço, e está com pinta de que tem alçapão.
Por que estamos discutindo consequências (“abre, não abre, tá errado, tá certo”) sentindo raiva de quem pensa o contrário, se NINGUÉM está com a razão? Para quem acha que vou assumir um lado, melhor não seguir a leitura, pois a frustração é garantida. O motivo: há algo acima de razões rasas, algo que se chama VIDA. Sem ela, não há o que discutir. É fechar a conta da existência.
E o que está faltando para a gente resolver esse desafio que não é meu, não é seu – é NOSSO? Afinal, temos cientistas, temos tecnologia, chegamos até Marte, lemos, escrevemos, temos Internet....
A resposta veio para mim assistindo a uma matéria na tevê sobre um trabalho de zeladoria em praças, em que de um lado moradores de rua choram por pertences perdidos, e, do outro, os órgãos públicos falam sobre “conservação de locais públicos”. O apresentador vira-se para a câmera e diz: “Está faltando compaixão”.
C-O-M-P-A-I-X-Ã-O. Empatia. Tradução: enxergar outro ser humano de forma igual. Enxergar o NÓS e não o ELES. É o comerciante que tem as portas fechadas olhar para um pai que perde uma filha pra doença e compreender essa dor. É um jovem olhar para o comerciante e entender que ele poderia ser seu pai. É a gente parar de julgar, olhar pro outro e achar que tem todas as respostas antes mesmo de ouvir.
É isso. Parar e fazer essa pergunta, que leva menos de dez segundos: e se fosse comigo?
A brincadeira do Universo é essa. Enquanto todo mundo não tiver o mesmo foco, não tem saída. E a saída é a VIDA.
E o que pode ser a vida? Dar um bom dia, orar por alguém, separar o pouco que tem para quem não tem nada, contribuir para algo que vai ajudar outras pessoas, fazer parte de soluções. Gritar pela janela e perguntar se o vizinho quer um pedaço de bolo.
É só isso? É só isso. Porque um fazendo é realmente muito pouco. Mas já pensou se todo mundo fizer algo nessa direção, que louco seria?
Buscamos tantas respostas geniais, e a coisa sempre foi tão simples e estava o tempo todo na nossa cara.
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