O dia do soco no estômago - hoje ele faz 13

 Isso foi em 2010. Num consultório da Av. Angélica, em São Paulo, um neuropediatra - desses renomados - dispara:

- É, ele é autista. Só vou te pedir uns exames para eu poder diagnosticar o nível do autismo dele.

Foi assim que eu recebi o diagnóstico do autismo do Giovani. Lembro de ficar atônita, minha alma não estava mais naquele local. Faltava-me o ar. Foi a sensação de ter recebido um soco na altura do estômago. Essa dispersão foi interrompida por uma peça de brinquedo que voou na direção do médico. Giovani, então com 2 anos e alguns meses, atirou a peça no médico. Inexplicavelmente, senti-me vingada, como se pudesse ser a forma dele de protesto diante de tal frieza.

Lembro que precisei andar um pouco com o meu filho pela rua até me organizar e tomar um táxi até o consultório da pediatra. 

Não creio que todo profissional seja assim. Mas o fato é que eu só fui encontrar uma neuropediatra menos fria no modo de agir no começo de 2020. Desde então, ouço coisas do tipo "olha, mãe, não espera que ele venha a falar - se vier, é por repetição, ecolalia". A mais legal me disse assim "olha, todo pai entra no consultório já pedindo remédio para a criança se acalmar; se você quiser...". Não, obrigada.

O fato é que Giovani lê, escreve e conhece os números. Não gosta de ser chamado de bebê e já se apresenta como rapazinho. Fala pelos cotovelos, com seus amigos imaginários do videogame. É sensível, travesso e determinado quando quer alguma coisa.

Hoje ele faz 13. Obrigada, filho, por nos ensinar que pré-julgamentos, rótulos, foram feitos pra gente derrubar. São tão frágeis quanto o preconceito.

Comentários

  1. Parabéns, Andrea. Te conheci em uma entrevista de emprego e nunca me esqueci. Nós somos pais de coração azul♡
    Beijos, Rodolfo Milone

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas