Pandemia da reflexão
Precisou ser desse jeito. Em meio a milhares de pessoas
correndo por todos os lados, o estresse a mil. Polarizações e mais
polarizações. Extremismo, intolerância. Era necessário algo para fazer o mundo
parar e redescobrir coisas básicas.
O mundo colocou foco na lavagem de mãos. E, mais do que isso,
passou a enxergar melhor empatia e solidariedade. E o egoísmo, finalmente,
virou uma exceção. Mesmo assim, a ganância ainda é significativa, com aumento
de preços e pessoas que ainda esvaziam prateleiras de supermercados e farmácias
como se fossem viver em bunkers.
Percebemos que somos tão fortes a ponto de ir para Marte,
mas frágeis por não conseguirmos oferecer sistemas de saúde, saneamento e
dignidade acessíveis a todos. A conta está chegando e quem negligenciou
Educação e Saúde por décadas vai pagar mais caro do que os outros.
Ninguém esperava. Outro dia vi um meme em que se dizia que a
Terra finalmente teria ativado seu sistema imunológico e decidiu expulsar os
seres humanos por meio do coronavírus. Faz sentido. A doença mandou todo mundo
para casa. Mandou todo mundo parar e refletir sobre o que realmente está
fazendo da própria vida.
Vai ser o momento de talvez ter uma conversa dentro de casa
que não acontecia há muito tempo. O reencontro com o livro, comprado há
semanas, mas que ainda não havia sido folheado. As mensagens não enviadas,
guardadas sabe-se lá por qual motivo. As roupas amontoadas, aguardando o dono
ou a dona perderem alguns quilos. É chegada a hora de doá-las a quem precisa
mais delas do que eles. A criatividade
vai voltar à cozinha e nas brincadeiras com os filhos e pets (que afinal,
também são filhos). A Itália está mostrando ao mundo todo que é possível
vizinhos simplesmente se reunirem em um momento do dia para cantar, cada um da
sua janela.
Se a gente vai voltar a ser feliz, não posso afirmar. Ainda
virá a pós-pandemia, a economia mundial precisará juntar os cacos, Governos
serão questionados, famílias estarão se recuperando pelos entes que contraíram
o vírus e pelos que infelizmente não resistiram a ele. Empresas terão aprendido
que precisam estar preparadas para o desconhecido.
Mas a gente vai ficar mais humano. Isso, com certeza. Já é
um começo. Já é uma esperança.
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