Janelas da conexão


Janelas da conexão
O que vem acontecendo pelo mundo pode se dividir entre pessimismo e otimismo. Eu prefiro olhar o lado otimista (sempre!). Falando especificamente do meu quintal, que é a Comunicação, vejo muitas reflexões importantes.
Para começar, estamos entendendo a essência da Comunicação. Ela nunca foi individualista, nunca foi sobre egos. Na verdade, a Comunicação é olhar fundamentalmente para o outro. Afinal, se não conhecemos bem para quem estamos dirigindo a informação, há um risco enorme de a mensagem chegar contaminada de ruídos.
O COVID-19 trouxe uma rede social que andava em falta. A rede sem Internet. Estamos em casa, convivendo com a família, com os vizinhos, com o comércio essencial do bairro. O que fazíamos com pressa – ou simplesmente não fazíamos – passamos a realizar com calma e muita observação. A gente agora tem tempo pra conversar pessoalmente com essas pessoas, tão fisicamente próximas, mas que insistíamos em deixá-las de lado. Porque o trabalho exigia, porque os e-mails não paravam, porque você tinha que fazer mil coisas e não chegava em casa para dormir. Comprava as coisas perto do trabalho ou de qualquer outro compromisso.
Ironicamente, a rede social agora é também pela janela. Ali, desabafamos, compartilhamos coisas boas, contamos pro mundo como estamos.  Qualquer semelhança com o velho sinal de fumaça não é mais mera coincidência.
Dessas janelas, surgem sons de piano, saxofones. Cantam “Parabéns pra você”. Surgem debates políticos. Delas ouvimos aplausos aos profissionais de saúde. As pessoas dançam e brincam. O mundo está se comunicando de um jeito novo – ou melhor, voltou às origens. E é importante observar isso.
Não está havendo uma marca por trás disso. Ou um partido político. As manifestações estão saindo genuinamente criadas dentro de casa. Impulsionadas, claro, pelo que estamos assistindo em casa e vendo pelas redes sociais. Os meios de comunicação e a Internet nunca foram tão importantes. E o Jornalismo vem cumprindo um papel elogiado até por quem torce o nariz para ele. Nunca foi tão jornalismo.
De dentro das casas, as pessoas produzem conteúdos: brindam com os amigos pelo Facebook e divertem a humanidade. DJs fazem playlists. Psicólogos oferecem o Whatsapp, o Facebook e o Instagram pra quem está se sentindo só ou não está sabendo lidar com essa home forçada.
Estamos todos nos reinventando.  Oferecendo o que cada um pode fazer. Sim, infelizmente há os que dão maus exemplos. Charlatanismo, fake news. Mas, cada um dá o que tem. Embora eu acredite que os exemplos positivos vão contaminar os negativos. Questão de semanas.
A Comunicação não vai ser mais a mesma depois dessa pandemia. Virão outras? O coronavírus veio pra mostrar que é possível. As relações de trabalho vão mudar, cenários econômicos vão se destruir. Vai haver mudança. E as janelas do mundo todo são o sinal mais claro do quanto isso é verdade.
A hora é de cada um contribuir com o que melhor pode fazer. Eu escrevo. E você?

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