Mais amor à interpretação



Falta amor. Falta empatia. Falta educação. Falta um pouco de tudo. Sobretudo interpretação.

Gritamos por meio de teclados. Não lemos até o fim. Qualquer coisa. Nas primeiras frases, já vamos classificando. "I love odiar", explicou outro dia na rádio  José Simão, com o humor que lhe é peculiar.

A gente odeia porque odeia. A gente não tem mais paciência. A gente espalha ódio. Todo dia tomamos um susto, ora com facada, ora com tiros, ora com agressões. A gente se mata.

Faltam palavras. Falta leitura. Falta interpretar. Falta entendimento. Falta compreensão.

Não tem coisa pior do que eu saber que faço parte de uma bolha limitada, restrita. Que busca informação, que pesquisa antes de sair compartilhando alguma coisa, que se preocupa em buscar uma fonte.

Desinformação em meio à democratização da informação. Todos acessam. Todos não sabem. Estamos sem escola adequada. Não sabemos o que fazer com a informação. Então, a gente repassa. Não formamos opinião.

E, o que é pior. Odiamos quem não concorda conosco. Temos ímpetos de destruir o oponente. Atacamos, xingamos. Por tudo. Alguém publicou foto com o bichinho de estimação? Não importa o quão fofo seja, há quem vai chamar a pessoa de "fútil". Opinou sobre o capítulo da novela? "Fútil", "em meio a tantas coisas mais importantes...". Resolveu falar de religião, política e futebol? Prepare-se. Vai colecionar muitos haters.

De onde vem tudo isso? Por que não podemos estar errados de vez em quando? Quem disse que somos obrigados 100% do tempo a estarmos certos? E qual é o problema de alguém pensar o contrário? Onde fica a mistura boa de ideias?

Quem não sabe ler, não sabe interpretar. Quem não interpreta, permite que alguém o faça em seu lugar. Não forma opinião. Segue o fluxo. Bovinamente. Xinga sem saber o porquê. Gosta porque alguém disse que era para gostar.

Mais empatia. Mais amor. Mais compaixão. Sejamos mais humanos.

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