Não sei quando o dia vai acabar

É preciso saber se o dia terminou.

Não sei se o dia acabou. Sequer sei se terminamos 2020. Cada dia, um dia. 

Mais um dia

Hoje foi um deles. Pela manhã, atravessar a cidade, nutri plantas  - tenho queda por elas. Depois, varrer, reunir a sujeira e jogá-la ao lixo. A visão da sujeira reunida nos dá a dimensão do tamanho do problema. Uma parte ir embora em sacolas embaladas nos dá esperança. Mas, há muito a limpar. 

É preciso ter fé.

Como dizer verdades difíceis? Não houve preparo. O plano era outro. A raiva vem, embora não queira senti-la. 

Entra na fila

É preciso listar as dificuldades. E ir no check-list, uma por uma.

As flores sempre ajudam. E a comida também.

É preciso vencer o cansaço, suprir-se do que nutre. Mas eu me acabo mesmo é num sushi com Coca-Cola. Quem come um sushi não quer guerra com ninguém. E quem ganha kalanchoe às duas da tarde de um domingo merece viver. Kalanchoe é palavra de origem africana, resiste bem ao calor e vive com pouca água. Parece comigo.

Filosofia de vida

Eu ouço "O sonho", de Madredeus.  "E não havia mais nada/Só nós, a luz e mais nada". Dali, eu me encontro com a "Filosofia de Vida", de Martinho da Vila. "Eu só quero o que preciso/Pra viver o meu dia a dia". É só isso, Martinho. É isso tudo, Martinho.

Nem o futebol agrada

O coração fica contrariado. E efeito contrário sempre prova a que veio. Justo não é. Vitória com sabor de relações sinistras. "Deus quer assim". Não tenho nem forças pro debate.

No meio do caminho, uma queda

Um barulho, uma queda. Pensei que era criança. Mas a criança já é adolescente. Nunca imaginei ser uma idosa. A idosa já começa a ser criança. Tudo é frágil, tudo é aos poucos. Tudo vai terminando. Gente insiste em se aglomerar, gente insiste em desrespeitar. A rua é barulhenta quando não devia ser. A noite chega de todo jeito. E o dia tá longe de acabar.


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